Cada vez mais brasileiros estão comprando produtos do exterior pela internet. E, sobretudo, produtos chineses. Um estudo da fintech curitibana de pagamentos Ebanx, em parceria com a empresa de pesquisa de opinião Opinion Box, entrevistou 3.000 brasileiros que fizeram alguma compra internacional pela internet nos últimos doze meses.
O resultado foi que, dentre as varejistas de comércio eletrônico, as chinesas AliExpress e Wish estão entre as mais populares. É o chamado comércio cross border (algo como “que cruza fronteiras”, em inglês), em que varejistas ou empresas de diferentes setores, como de tecnologia, podem vender produtos por meio de seus sites e aplicativos para clientes de outros países.
As vendas cross border movimentaram no comércio eletrônico brasileiro 10 bilhões de dólares em 2018, o equivalente a 22% de todo o e-commerce no Brasil, segundo estudo da consultoria de inteligência de marketing Americas Market Intelligence.
O estudo da Ebanx mostra que a AliExpress é a terceira plataforma mais usada pelos entrevistados para compras internacionais e a Wish, a 10ª. Dentre os entrevistados, 23,9% compraram na AliExpress ao menos uma vez nos últimos 12 meses, enquanto 23,8% usaram a Wish. As empresas não têm loja física ou estoques próprios no Brasil, de modo que todos os produtos vêm do exterior.
As chinesas estão, inclusive, à frente da varejista americana Amazon, maior empresa de comércio eletrônico do mundo mas que, no Brasil, é apenas a quinta maior fornecedora de produtos internacionais. A empresa foi usada para comprar produtos do exterior por 18% dos entrevistados.
Algumas das plataformas mais usadas são também as que vendem serviços de tecnologia de empresas estrangeiras. A americana Netflix lidera 67,6% dos entrevistados assina ou assinou nos últimos doze meses o serviço de streaming da companhia americana. Em seguida vem a Uber, com 60,4%, que tem transporte por aplicativo e entrega de refeições.
Nas compras internacionais de serviços de tecnologia também aparecem nomes como Amazon Prime, serviço de frete grátis e streaming da Amazon, as plataformas de música Spotify e Deezer, o streaming de séries e filmes HBO Go e o Airbnb, plataforma de aluguel de hospedagem temporária.
Com serviços de viagem em que brasileiros compram passagens de empresas estrangeiras, os sites de viagem Decolar e Trivago também são responsáveis por grande volume de compras, usados por 8% e 10% dos usuários, respectivamente.
Desconfiança ainda é alta
Para os brasileiros, o principal motivo para comprar nos sites estrangeiros ainda é em grande parte a busca por um preço menor. Os entrevistados no estudo da Ebanx apontaram como fatores que influenciam as compras, em primeiro lugar, o preço (48,1% dos produtos), seguido pelo valor do frete (39,6%) e, por último, a qualidade dos produtos (34,2%).
A imagem de preços baixos, contudo, é combinada com uma percepção ainda difundida de que produtos de sites internacionais, sobretudo dos chineses, têm menor qualidade. Apesar do volume crescente de compra em sites internacionais, combater essa desconfiança é um desafio, sobretudo para as empresas chinesas.
Dentre os consumidores que já desistiram de uma compra em site internacional, 54,7% o fez porque não confiava que o produto chegaria ou porque não se sentiram seguros. O estudo também mostra que 52% dos usuários que compram em sites internacionais ainda o fazem usando boleto bancário, opção oferecida pelas empresas chinesas desde sua entrada no Brasil, o que as ajudou a ganhar tração.