O ano é 2018. Após 21 anos de sua situação mais decadente, a Apple se tornou a primeira empresa do mundo a atingir US$ 1 trilhão, em valor de mercado. Ao longo desse período, muitos fatores foram cruciais para a ressurreição da empresa da maçã. Entre eles, a sede do co-fundador pelo “incrível” e “fenomenal” — e um investimento salvador da Microsoft.
Fundada em 1976 pelos jovens Steve Jobs e Steve Wozniak, a Apple surgiu como uma fabricante de computadores que, de modelo em modelo, foi trazendo novos recursos e se consolidando cada vez mais como uma empresa inovadora. O cenário começou a mudar a partir de 1985, quando Jobs foi demitido após conflitos com o então CEO, John Sculley.
A empresa viveu um lento declínio, lançando computadores que já não pareciam tão atraentes e nem tão modernos. Unida a conflitos políticos internos, a empresa rumou para um abismo. “Eu não sabia o quão ruim estava até eu começar a cavar”, lembra o ex-diretor financeiro Fred Anderson, em entrevista ao New York Times.
Em 1996, ele deu início a uma oferta de US$ 661 milhões em títulos para tentar manter a empresa de pé. As tentativas, porém, não foram suficientes para impedir que a Apple caísse aos US$ 3 bilhões em capitalização de mercado até o final daquele ano – e que antes disso, em fevereiro, a revista BusinessWeek estampasse a manchete: “A queda de um ícone americano”.
Enquanto isso, Jobs dirigia a NeXT, empresa de tecnologia que criou logo após a sua demissão. Lá ele desenvolveu computadores que, embora não tenham vendido muito bem, chamaram a atenção para seu novo software: NeXTSTEP. Entre consumidores e gigantes da indústria, a Apple também prestou atenção na pequena empresa – acabando por anunciar sua aquisição, por US$ 400 milhões, em 1996.
Ao anunciar o negócio, como aponta a revista Forbes, a Apple afirmou que os pontos fortes da NeXT “no desenvolvimento de software e ambientes operacionais” seriam combinados com o software multimídia e a “facilidade de uso” da Apple. O software acabou por, de fato, modelar muito do que vemos até hoje no macOS. Mais do que isso, a aquisição significou o retorno de Jobs para a empresa.
De volta ao posto, o empresário encontrou uma empresa a 90 dias de quebrar – como afirmou alguns anos mais tarde em uma entrevista. Na época, Michael Dell, fundador da marca de computadores que leva seu nome, disse o que faria no lugar de Jobs: “Eu fecharia e devolveria o dinheiro aos acionistas”.
A vingança veio meses depois. Quando a Apple ultrapassou a Dell em valor de mercado, Jobs mandou para os funcionários um email em comemoração: “Turma, eis que Michael Dell não foi perfeito em prever o futuro. O preço das ações sobe e desce, as coisas podem estar diferentes amanhã, mas achei que valia a pena refletir por um momento hoje. Steve”.
Além de simplificar a linha de produtos, Jobs foi salvo pela ajuda de um antigo rival. A Microsoft, de Bill Gates, investiu US$ 150 milhões na Apple. “Bill, obrigado. O mundo é um lugar melhor”, agradeceu Jobs em uma frase que estamparia a capa da revista Time. Com a guinada, a Apple passaria a viver a corrida quase obsessiva por inovação em design e usabilidade que viria a marcá-la.